terça-feira, 13 de julho de 2010

Chuva

Chegou tão suavemente
Embala o meu serão
Chuva! Chuva finalmente!
Metáfora que vocaliza o meu coração

Água purificadora da mente
Calmante de ansiedade
Alimento de uma simples semente
Fruto de inspiração para a humanidade

Apagas a dor, acalmas o ser
Carregas em ti infinita tristeza
Expressas em lágrimas quão difícil é viver
No inconstante grito da natureza

E quanta beleza provocas na paisagem
Tens o vento como companhia incessante
Nesta que é apenas uma viagem
Por entre a vida e seu traçado discrepante

Prazer mundano
O aconchego que traz a tua presença
Atrito veloz do calor humano
A extinção de qualquer desavença
Não és passível de ser comprada
Nem por todo o dinheiro do mundo
És passível de curar uma alma desolada
Que se quebrou neste proveito moribundo

Ver-te é uma benção por estar vivo
Tuas carícias na pele são mera poesia
És a força estimuladora do cultivo
O espalhar de crescente eutimia
E continuas a gotejar de hora em hora
Agora subtil, pareces estar a despedir-te
Sei que tens de correr esse mundo fora
Mas volta porque renasço só de ouvir-te!

Sobre verso te enalteço
Empregando a minha sabedoria
E em jeito de súplica te peço
Que limpes esta agonia
Esta mera e falsa folia!
Este triste teatro do dia-a-dia!
Esta forma de ser trôpega e sombria!
Esta solitária minoria...

Gotas e gotículas em corrida
Reflexo de um sentimento de mágoa
Espectros de personagem esquecida
A alma limpa e purificada pela água

Chuva! Chuva finalmente!
Chegaste para compactuar com o meu estado
Eu fujo a cair nesta corrente
Que é do meu total desagrado!
Compactuas com a vida simplista
Estragas planos a mal feitores
Desanuvias a rotina derrotista
Dás leito a novos amores

Dás azo a efeitos mirabolantes
És a calma por muitos esperada
Nas mentes destes animais pensantes
És contratempo, planificação estragada
Pensantes? Mas que piada...

Parem com a força de atrito!
Mas que povo doente!
Ignorando-vos eu grito:
"Chuva! Chuva finalmente!"

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