terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cinzas do que foi, era e é e vice-versa

Fácil,
Fácil é falar
Entre as comportas dos rios
Onde a vida flui prazerosa e mundana.
Entre corpos nus, jazz e assobios
Jazem ocultações escandalosas de vida humana.
Chiu!

É largar do copo de vinho
Levantar teorias de conspiração
Arroxear destinos no caminho
Dos pobres de espírito e de coração.

Fácil
É rir-me de ti
Rires-te de mim
É troçares do velho sem dinheiro
Da puta sem perdão
Gozares dos jeitos do peixeiro
Enquanto mergulhas num troço sem vocação.
Ri-te, ri-te de mim
Que eu de ti também me rio
Ridículos, ridículos somos
Nesta proa sem navio.

Despe-te
Deita-te
Mata-te com a carne
Cospe os desejos em surdina!
As palavras? Eu guardá-las-ei comigo
Ao jeito de um ardina.

Enterra os cadernos riscados de vivências
As penas que demarcam o trajecto acusatório
Sim sim! Deturpa as histórias, as artes, as ciências
Como larápio a caminho do purgatório!
Mente muito, sem ou com todos os dentes
Porque não se usam factos neste sanatório
E para vivermos iludidos em jeitos contentes
Mentir é como o ar... Extremamente obrigatório.