sábado, 29 de maio de 2010

Nós

Somos meras essências
Palavras desgostosas
Somos meras permanências
Atitudes dolorosas

Somos força criativa
Egos tremendamente rebaixados
Somos o verbo Amar na forma activa
Somos actos mal pensados

Somos perda angustiante
Acções desvalorizadas
Somos amor puro e vibrante
Capítulos de histórias inacabadas

Somos folhas vazias
Lápis sem carvão
Somos estranhas manias
Comandadas pelo coração

Somos o toque e a voz
Infinitos olhares profundos
Somos eu, tu, um "nós"
Universos, planetas, mundos!

Somos força colossal
Identidade desconhecida
Somos paixão descomunal
Obssessão nunca antes vivida

Somos juras que se esquecem
Perdão não concedido
Somos almas gémeas que permanecem
Como um dado adquirido

Somos o tudo e o nada
Uma derrota, uma vitória
Somos promessa quebrada
Reflexos múltiplos de memória

Somos simplesmente nós
Somos eu e somos tu
Somos uma só voz
Um sentimento a olho nu!

Somos loucos por estarmos sós
Ansiando tudo reviver
Vamos ser apenas o "nós"
E deixar o "eu" e o "tu" desaparecer
Vamos ser apenas nós
Agora, sempre... Até morrer (...)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Vazio

Anseio
Um fim
Algo que te traga a mim.

Exploro
Um sinal
Algo que corra com o que nos fez mal.

Olho o nada...
Tudo é tão só, tudo é tão vazio
Memória, dor e lágrima formam um trio
Que abafam a paz meticulosamente conquistada.

Olhares fugazes
Gestos inocentes
Corações incapazes
Devaneios insolentes.
Vazios de alma
Plenos de fardos tremendos
Perdidos na calma
Dos que concertaram emendos.
Perdidos em nós
Em vós
E nos outros.

A um canto esquecidos
Sem confiança terrena
Por novos viveres vencidos
E de resistência pequena.
É esta a realidade de um povo
O teatro de uma nação
Precisa-se de algo novo
De findar esta onda de frustração!
Chega de dizer que amanhã tudo será diferente
Chega de ignorar e não tomar medidas
Chega de ignorar esta pobre gente
Que se pela de tantas feridas!
E chega de lamentações!
Soltem os sonhos
Tornem-se medonhos
E construam a maior das revoluções!

E eu?
Eu observo-te a ti
Porque o resto é nada.
É vazio sem fim
Como esta alma por ti sustentada.
E o resto do resto?
É vazio
Simples e perfeito
Vazio...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Fim

O vento sopra-me, devagar
A melodia toca-me, preenche o ar
E tendo o mundo debaixo do meu olhar
Aqui vou eu a divagar...
Imagino!
Sonhos, promessas, vidas, histórias
Presencio!
Desgraças, esperanças, fracassos, glórias
Procuro!
Por barcos perdidos, guerras findadas, vitórias!
Olho-me e só vejo angustiantes memórias...
Sei que me perdi
Encontrar-me-ei em teu olhar
Sei que, apesar de tudo, resisti
Continuando sem saber como me achar...
Porque vivo por ti
Para ti
Em ti
Sobre ti
Ti Ti Ti Ti Ti Ti!
Dum salto levanto-me e lá vou
É hora de para a realidade acordar!
Procurando pelo que fui e sou
Ganho forças para o mundo conquistar!
Oh e aqui estou suavemente a delirar...
E que prazer, quanta leveza!
Quanta liberdade, quanto conforto!
Alivia deixar para trás a tristeza
E como barco perdido achar o nosso porto
A realidade é esta:
Nada neste delírio é verdadeiro
A vida está bem longe de ser uma festa
E cabisbaixa, caminho para o fim derradeiro...
(Ah se ao menos eu sonhasse a tempo inteiro!)