sábado, 26 de março de 2011

Rosinha

Entre o castanho-dourado apelativo das soleiras da porta e o cheiro a madeira de pinho sopra a benevolência numa casa onde, outrora, corriam tempestades de palavras duras e premissas com o mesmo efeito de uma navalha cravada num ponto vital do corpo. Mudança, mudança.
Silêncios deram lugares a gargalhadas bem sonoras. A outrora hostil melodia das madeiras rachadas, das secretárias e outros mobiliários decorativos a cair em pedaços pela madrugada, deu lugar à melodia do gira-discos que há muito foi largado ao pó na dispensa zoológica. Havia som! Mudança, mudança.
As cortinas amareladas da pedraça e do bolor foram-se. No seu lugar constam agora umas vindas de Paris, mandadas pela tiazinha não sei de quem, onde figura um padrão vistoso de flores e símbolos, um pouco espalhafatoso a meu ver. Substituíram-se também os sofás pestilentos e, agora de pele, são o encosto de muitos dos convidados de face sorridente que, com os donos da casa, tomavam o chá. Deixara de haver bolor, negrura e fome. Mudança, mudança.
Onde habitavam fantasmas, vivem agora pessoas. Vivem, literalmente e com todos os fundamentos e letras. Vivem!
Um dia espero eu... a mudança, mudança.

terça-feira, 22 de março de 2011

Portugal cada vez mais pobre



Em cada entrevista, uma lição de vida.
Em cada palavra, um carinho crescendo pela sua sabedoria deliciosa.
Em mim, uma vontade enorme de travar um diálogo com este senhor, em partilhar da sua experiência e vitalidade.
Em si, trazia um orgulho enorme no país que o viu nascer e uma mão cheia de talentos. Hoje perdemos esta grande personalidade portuguesa que se junta a uma lista de nomes que nos pesa a todos e, o nosso coração chora, chora alguém cuja vida repleta de significação foi condecorada nos globos de ouro. É exactamente o trecho de apresentação desse globo que aqui deixo.
Um até já GRANDE Artur Agostinho (1920-2011).

quinta-feira, 17 de março de 2011

Orgulho no Sporting Clube de Braga!



Fizemos história ao chegar aos quartos de final da liga Europa eliminando um dos gigantes do futebol!
Somos os Guerreiros do Minho, somos ENORMES, somos o S.C.BRAGA!

sábado, 12 de março de 2011

Vamos cantar contra a reacção!



Visto que amanhã (hoje) é dia do protesto "Geração à Rasca", eu resolvi inteirar-me no espírito da coisa e fazer, em média, replay quinhentas mil trezentas e oitenta e três vezes à "A Luta é Alegria".
Li algures que a canção está em risco de não entrar na competição da eurovisão por, supostamente, ter conteúdo político e opressor. Isto está bonito está!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Ursa Ma(i)rç(o)(r)!

Ainda apática!
Estiquei o indicador
Elevei-me em bicos de pé
Toquei a Ursa Maior e ri com as rugas
De meus olhos cor de café.
Não os vesti de amarelo
Nem de podre
Usei-os, aos dentes.
Usei-os!
Não fingi.
Não fingi!
Foi real:

- como cada minuto que forma o nosso dia
- como cada raio de sol que penetra pela janela
- como cada pedacinho sorridente de alegria
- como cada reflexo duma cabeleira amarela
- como a festa, o carnaval, a folia
- como a figura matinal extremamente bela e

Foi real!

O calendário já aberto no mês proibido
Que te vence e deixa esquecido.
E venham daí os calafrios
Que escondem os pássaros libertinos
Abafando os seus assobios
Ah Março, deixas-me em prantos repentinos!

Enquanto a vida corria lá fora
Entre a água da velha fonte
E as danças dos eucaliptos
Entre as cabras da velhota do monte
E as flores que desabrochavam a toda a hora
E tantos outros blábláblá's constantes
O nosso amor crescia também
Mirabolante.
Cheio de futuro.
Metaforizado no belo fruto mais maduro
Da árvore pequena do jardim.
Tenho eu agora de certo,
Que tudo o que começa tem um fim.

Vejo que não me esforcei no meu lirismo
Agrego-me à crise e junto-a às letras
Preguiça, preguiça, frases de comodismo
Tinta seca nas canetas.
Estou cansada e em Março, não me exijam conformismo.

Lá vêm...
As copiosas pessoas em avessa
Prometendo-me que encontro um novo amor
Blá blá e mais blá e não me interessa,
Eu toquei a Ursa Maior!