quarta-feira, 30 de junho de 2010

Livre

Vou tão bem na minha mão
Sem justificações para dar ou reter
Sem ninguém para me chamar a atenção
Sem alguém que me impeça de viver

Vou tão bem na minha mão
Posso finalmente respirar a liberdade
Posso abrir o coração
Caminhar sem medo por esta cidade

Vou tão bem na minha mão
Sem horários para cumprir
Sem alguém que me traga à razão
Sem sentimentos negativos a emergir

Vou tão bem na minha mão
Já guerreei em muitas vidas
Já sofri a dor dum não
E sarei as minhas feridas

Vou tão bem na minha mão
Quero explorar o mundo sozinha
Não tolero que me ponham um travão
Tu vives a tua vida, eu vivo a minha

Vou tão bem na minha mão
Tenho o sol, o céu e o mar
Tenho sentimentos em turbilhão
Pedindo para se soltar

Vou tão bem na minha mão
Estou ansiosa por sentir
Deixo receios caídos pelo chão
E forças prontas a colidir

Vou TÃO BEM na minha mão
Por favor, deixem-me ir...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Alucinação

Virei as costas
Tentei não mentir
Tentei não ver
Tentei não sentir
Tentei não perceber

A dor foi intensa
Mas consegui fugir
Sem uma memória sequer surgir
Sem um grunhido por repartir
Sem um olho aguado a reluzir

Respirei sem saber como
Caminhava só com a tristeza
Caminhava só com o pensamento
Caminhava só com a destreza
Abafava a todo o custo o sofrimento

Perdi-me nessa noite
Passadas largas pela escuridão
E passadas largas pela ruela
Assombrada pela união
Da tua mão com a dela

Tentei fechar os olhos
Pensei que sonhava
Pensei que voltava
Pensei que me soltava
Pensei que voava
E voava...
Na loucura do meu vício
Tinha sucumbido à tentação
Proibida pelo meu ofício
E estava só até mais não
E sonhava...
Alucinada pelos químicos
À minha volta uma tuba ressoava
E no apogeu da loucura eu gritava
E fitava...
O nada
Estava cercada...
De nada
Acreditava...
Em nada
Sentia...
O suave toque de uma facada
E sem mais uma palavra
Caí!
Porém, inanimada...

Revolução

Aí vêm eles imundos
Palreiam gracejos, dão apertos de mão
Prometem mundos e fundos
O renascer de uma nação

Chegam com ar de superioridade
Prometem-nos o paraíso
Limitam-se a contrariar a nossa vontade
Sem a menor noção do que é ter juízo

Acenam fazendo-se de meigos
Guardam lembranças oferecidas pela multidão
Estão dispostos a usar todos os leigos
Na luta pela sua emancipação

E as pobres mães e esposas
Gritam "Por favor, guerra não!"
E os políticos tal e qual raposas
Brindam à sua maldição

Enganam o povo inocente
Que os segue e idolatra
Comportam-se de forma indecente
E sai-lhes o tiro pela culatra

Vêem-se desacreditados
Sem seguidores para enganar
Escutam os gritos desvairados
De todos aqueles que os querem matar

Tentam vingança
Atacam o povo
Procuram manter viva a esperança
De realizar um golpe novo

Mas o povo responde prontamente
A força cresce da união
E é vê-los a fugir rapidamente
Com medo da revolução

E venha ela!

Revolução!
Queremos o fim da guerra!
Revolução!
Estamos compenetrados em proteger o planeta Terra!
Revolução!
Queremos que o mal seja punido com rigor!
Revolução!
Estamos fartos de ver inocentes a ganir de dor!
Revolução!
Estamos unidos para que prevaleça o amor!
Revolução!
Estamos unidos para acabar com o terror!
Revolução!
Queremos famílias de soldados contentes com a sua presença!
Revolução!
Queremos o mundo livre da fome e da doença!
Revolução!
Queremos ser diferentes e planear uma solução!
Queremos ser humanos que não são tratados abaixo de cão!
Queremos alianças e união, queremos pensar com o coração!
Queremos REVOLUÇÃO!
Porque, sejamos francos, chega de dizer que não!

sábado, 26 de junho de 2010

Irmãos da Rua

Eles fecham as mentes
Dão a mão à palmatória
E eles abafam os crentes
Obcecados pela glória

Bem vestidos, com rigor
Dão a vida por um nada
Engolem e salivam toda a dor
Que transparece pela carne marcada

Foge-lhes a dignidade
O perdão torna-se inconcebível
Foge-lhes a liberdade
Tudo se lhes parece temível

São estes os irmãos da rua
Drogados, sós, em desalento
Conhecem a verdade nua e crua
Procuram desalmadamente o seu sustento

Matam sem peso na consciência
Atacam pela noite como vampiros
Justificam actos como sendo a sua ciência
Vivem de corridas, gritos e suspiros

Carregam fardos ilegais
Trabalham desde tenra idade
Têm destinos cruelmente fatais
Ninguém lhes inspira credibilidade

Revoltados aí vão
Assaltos, crimes, força desmedida
Negros de espírito, companheiros da solidão
De arma em punho pela rua sem saída

Traços faciais
Marcam guerras, tiros e morte
Vidas e vidas infernais
Cada um jogado à sua sorte

Defrontam-se até ao fim
Lutam como animais ferozes pela rua
Matam-se apenas porque sim
Tendo como testemunha a luz da lua

São estes os irmãos da rua
Drogados, sós, em desalento
Conhecem a verdade nua e crua
Procuram desalmadamente o seu sustento.


Esta sociedade repugna-me, revolta-me !

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Amanhã

Imagem mal imaginada
Sons agudos te profanam
Caminhas na velha jornada
Quem disse que os outros não se enganam?
Hoje não dá, talvez amanhã.

Cerras os olhos para ver as estrelas
Fechas a mente a um novo incentivo
Vives a tua vida como nas novelas
Sendo de ti próprio fugitivo
Hoje não dá, talvez amanhã.

Sonhas os sonhos sombrios
Viajas só e mal acompanhado
Flutuas sobre os flutuantes rios
Mergulhas num caudal mal apetrechado
Hoje não dá, talvez amanhã.

Passo em falso, precipício
Pensas que é o teu fim
Desejas voltar ao início
Não queres ver a tua vida acabar assim
Hoje não dá, talvez amanhã.

Respiras insegurança
Foges a todos os problemas
Farto desta andança
Tentas escapar-te aos maus esquemas
Hoje não dá, talvez amanhã.

Sentes o sol bater na vidraça
Despertas, acordas por fim
Dentro de ti brilha uma luz crassa
Que te tenta guiar a mim
Mas hoje não dá, talvez amanhã.


- "Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Turbulência

Viciosas imprudências
Atalhos trabalhosos
Falsas indepedências
Traçados dolorosos
Marcam o meu dia.

Lutas em vão
Palavras insultuosas
Constante negação
Imagens defeituosas
Marcam o meu dia.

Elogios esquecidos
Personalidades inconstantes
Fracassos enriquecidos
Ciclos de vida viciantes
Marcam o meu dia.

Mãos enlaçadas
Sorrisos desnivelados
Planificações bem lançadas
Amigos bem intencionados
Fogem ao meu dia.

Compromissos e anéis
Viagens de descoberta
Pessoas presentes e fiéis
Escolhas da atitude certa
Fogem ao meu dia.

Soluços de dor
Gritos de agonia
Lágrimas por amor
Venha daí o prato do dia!

Falsas juras
Saudações por obrigação
Constantes amarguras
Frases sem nexo nem razão
Marcam o meu dia.

Caida novamente
Na asneira impensável
Peço-te, arduamente
Que mantenhas uma distância considerável!

Negativismo
Fracasso
Derrotismo
Sucesso escasso
São estes os vocábulos
Que
Marcam o meu dia.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Desabafo

Ando perdida
Tento há muito tempo me encontrar
Ando perdida
Negra como a nuvem que tapa o luar

Não tenho sonhos
Não tenho ambições
Ando perdida
No meio das minhas ilusões

Ando perdida
Não conheço este mundo
Quero ser esquecida
Por quem me deixou lá no fundo

Ando perdida
Dissiparam-se as esperanças
Ando perdida
Quebrei com todas as alianças

Alimento-me de desespero
Meu coração é uma masmorra
Ando perdida
Meu instinto diz-me que corra!

Sou consumida por este medo
Nunca me deixará avançar
Sou sã no meio deste toledo
Que é o mundo a acordar

Mas ando perdida
Perdida e só
Ando aqui, por todos esquecida
A implorar que tenham dó
Oh!
Eu ando perdida
Mas sei quem sou
Para onde vou
Como estou
Não não sei
Porque em tudo errei
E não sou ninguém
Ando aqui
Repetitivamente perdida
Às custas de outrém
Oh...
Queria tanto ser alguém (...)