sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Sou nuve(m)to

Céu imenso em cores estreladas.
Gama negra intemporal e velada pelo vento.
O céu é meu, a escuridão é nossa.

Como lágrimas de nuvem
Escorrego pela estrada
Que me carrega aos ombros.
Corro tresloucada pelas avenidas
Assobio com o vento
E canto com os trovões...
Que fúria a minha!
Que fúria de ser!
Que ego trôpego!
Que alcatrão sujo!
Que cidade deserta...!
Que vida breve,
Decorada de ecos de fantasmas
perdidos...!
De ladrões de sonhos nas esquinas!

Espectros do que fui.

Cai a chuva
E com ela caem os meus sonhos.
Depositam-se aos meus pés
E riem da minha imprudência juvenil. Oh!
Nada sei da vida, nada sei da morte.
Só sei que ambas doem
E nos matam à fome sem remorso.

Sou nuvem nas páginas da vida que escrevo.
Sou céu escuro e maresia.
Sou onda que se arrasta e se afasta.
Sou só, rodeada de semelhantes
Nesta roda viva de loucos sem permissão.

Quero ser , ser e ser.
Quero ser sem redundância e virtudes inexequíveis.
Quero alhear-me do possível
Porque a metafísica manda e eu obedeço.

Ser é dar.
Ter é tirar.
Na conjugação dos quatro sou nuvem.
Sou triste nuvem no céu estrelado.