sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Sou nuve(m)to

Céu imenso em cores estreladas.
Gama negra intemporal e velada pelo vento.
O céu é meu, a escuridão é nossa.

Como lágrimas de nuvem
Escorrego pela estrada
Que me carrega aos ombros.
Corro tresloucada pelas avenidas
Assobio com o vento
E canto com os trovões...
Que fúria a minha!
Que fúria de ser!
Que ego trôpego!
Que alcatrão sujo!
Que cidade deserta...!
Que vida breve,
Decorada de ecos de fantasmas
perdidos...!
De ladrões de sonhos nas esquinas!

Espectros do que fui.

Cai a chuva
E com ela caem os meus sonhos.
Depositam-se aos meus pés
E riem da minha imprudência juvenil. Oh!
Nada sei da vida, nada sei da morte.
Só sei que ambas doem
E nos matam à fome sem remorso.

Sou nuvem nas páginas da vida que escrevo.
Sou céu escuro e maresia.
Sou onda que se arrasta e se afasta.
Sou só, rodeada de semelhantes
Nesta roda viva de loucos sem permissão.

Quero ser , ser e ser.
Quero ser sem redundância e virtudes inexequíveis.
Quero alhear-me do possível
Porque a metafísica manda e eu obedeço.

Ser é dar.
Ter é tirar.
Na conjugação dos quatro sou nuvem.
Sou triste nuvem no céu estrelado.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

És o Meu Verão

Meu amor de Agosto,
Respiremos a doce brisa das camélias
Aperaltadas no jardim de carinhos.
Dancemos as melodias de Primavera
Pelas florestas de sonhos verdejantes
E pelos ventos de prosperidade do norte.

Ama-me com todo o ser
E poderemos voar com as andorinhas,
Cantar com os rouxinóis,
Sorrir com as cascatas,
Amando-nos numa linha poética
De beijos doces e abraços calorosos.

Banha-te no mar dos meus sentimentos
E nutre-te de protecção no sol do meu coração.
Sorri para mim
Como os raios de sol sorriem à estrela-mãe.
És o meu Verão.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Eu li:



Assisti a quase todos os fimes baseados nas histórias de Nicholas Sparks e já há algum tempo que sentia uma curiosidade tremenda em relação aos livros. Procurei a ordem cronológica das suas publicações e descobri que "O Diário da Nossa Paixão" foi o seu primeiro romance publicado. Comecei , então, por ele.

A história é extremamente conhecida devido à sua adaptação para o cinema. Encontramos Allie e Noah e o seu amor que ultrapassa barreiras intransponíveis. Uma história comovente escrita de uma forma leve mas ainda assim deliciosamente decorada com pormenores que nos seduzem a desbravar o mundo ficcional de Sparks.
É um livro que se lê bastante rápido quando se lhe toma o gosto e a curiosidade pela história. Atinge um público maioritariamente feminino no entanto penso que os homens seriam também capazes de se encantar por esta história. É-lhes também, por isso, recomendada.
Em suma, é um livro de leitura fácil porque usa um vocabulário acessível, sendo a história narrada sem grandes declives e ambiguidades. É a tradicional receita de pitadas de amor com final feliz.

Dois aspetos positivos: 
- A história é de facto muito bonita e susceptível de causar algumas lágrimas nos corações mais sensíveis. Nicholas Sparks transfigura sentimentos nas suas palavras e sabe como tocar o coração do seu leitor. Isso é louvável.

- A linguagem é leve e simples, o que facilita a sua leitura fluente.

Um aspeto negativo:
- Nicholas Sparks enrola um pouco a história aqui e ali e isso acabou por me maçar um pouco. Sei que provavelmente o autor introduziu essa técnica para alcançar o efeito surpresa mas, em mim, esse efeito não nasceu e dei por mim a querer apenas chegar ao fim de uma vez por todas.


Recomendo para quem quer uma leitura leve e sentimentalista e para quem gosta de histórias de amor.

NOTA: 6/10

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Deixa-me ser natureza em ti

Quero eu
Que me leves pela mão
Pela areia salgada de tesouros
Que marinheiros enamorados por ali semearam.

Quero eu
Que me abraces levemente
Como as árvores abraçam o sol
E dele se despedem no crepúsculo
Sorrindo promessas
De um até já.

Quero eu
Que me sopres palavras doces ao ouvido
Ao ritmo dos cicios celestes.

Quero eu
Que me acendas a calma de um porto seguro 
E navegues comigo pelas poesias amorosas.

Quero eu
Que embrulhes os teus beijos nos meus
Como as ondas desmaiam no areia.

Quero eu
A tua voz, o teu desejo e os teus dias
Num quadro bucólico onde o céu e as camélias frescas
Nos servem de moldura.


Quero ser natureza em ti.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

sonhos sonhos e mais sonhos

A relva fresca da Primavera
O orvalho doce e cor de diamante
O sol tímido boceja as suas cores
Os sonhos,
Ah os sonhos despertam.
Voam nas asas das andorinhas
Dançam  ao som dos melros
Bailam sobre as flores como as abelhas
Batalham pelo alimento como as formigas
Fazem recitais poéticos como as cigarras.

Os sonhos são vivos
São rodopiantes
São gargalhantes
E baloiçam sobre as árvores.
Os sonhos são cores mil
Arco-íris desafogados
Promessas de beijos frutados
Sob o mindinho dos enamorados.

Sonhos.
Sonhos.
Sonhos.

A vida é bela
Quando nela
Se deixam entrar os sonhos

Que serpenteiam...
Que festejam...
E nos ultrapassam...
Sonhos.
Mil sonhos.
Dois mil sonhos.
Três mil, infinitos.

A vida,
Essa bailarina furtiva
Vestida de sonhos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

divagar (se vai ao longe)

É noite de dilúvio:
Pintam-se negras estrelas de dor
Tocam-se os ventos e as árvores 
Numa tempestuosa melodia de amor.

Encavalita-se o laranja no céu entristecido
No ar, um odor brejeiro a terra fresca
Arre vida que não presta!
Oh, quanto desconsolo emergido!
Eis de malota nas costas e sobretudo até o pé
O viajante amaldiçoando
O guarda-chuva pernoitando no café.
Arre! 

Corre, corre tão forte
A água viva pela calçada...
Shh, não diga nada... Sinta só...
A dança do vento
As cores da paleta de imaginação
Que enchem o céu de paraíso
E de vitórias o coração.

Sinta só...
O aconchego da lareira em família
As flores colhidas pela fada do lar
O odor a lavanda pura
Que preenche a calmaria do ar.

Sinta
os diários em papel de feltro
as letras gastas de caneta 
que escrevinham histórias
lá do mundo dos sonhos
arrumado numa gaveta.

Choram as nuvens
As saudades de outros tempos.

Que chova.
Que as nuvens soltem a sua mágoa
Para poderem transformar-se em sol brilhante.
Façamos o mesmo, meu caro viajante.
Deixe, deixe chover.
Com a enxurrada irão os monstros
As bandeiras rasgadas
O coração fragmentado pela canção de despedida.
Que chova.
É hora de descanso.
Shhh... não diga nada não.
Guarde as palavras no bolso
E a paz no quentinho do coração.