domingo, 18 de julho de 2010

Vulto

Desgraça ambulante
Por onde vais?
Rotineiro ser pensante
Esquecido pelos demais

Estás extasiado
Esperas e cruzas os braços
Sentes-te mal amado
Repleto de embaraços
O que vês magoa-te a vista
Mas dás uma larga gargalhada
Pequeno terrorista
Embarcaste numa maléfica jornada

Duma fenda na janela
Observo-te a caminhar
Tens uma face dura e bela
Que me incentiva a te procurar
Mas nossos mundos antónimos
Impedem-nos de nos aproximar
Antagonicamente nossos desejos sinónimos
Transformam em chamas cada olhar

Tu sabes quem eu sou
Observas-me à distância
Sabes que tudo criteriosamente mudou
Desde a nossa cônjugue infância
Sei que vivias para me ver
De olhos luzentes pela fenda
Sei que me tentas esquecer
Sei que não terás emenda
Sei que te faço sofrer...
Sei que não valemos a pena...
(Lamento!)

Juntos? Dificilmente ocorrerá
Pertencemos a mundos diferentes
Mas só o destino o saberá...

Não te vás, desgraça ambulante
Eras protagonista do meu sonho
Tornaste-te um ser errante
Fruto de um romance tristonho

Ainda procuro por nós em linhas temporais
Em cinzas perdidas e fraccionadas
Podem denominar-nos irracionais
Mas havia amor entre estas mãos outrora enlaçadas
E agora temos ambos vidas desgraçadas
Cometemos erros descomunais
Lançamo-nos como loucos por estas estradas
Mutuamente motivados por sinais...
Há algo que ainda permanece
Uma atracção que se lança pelo ar
De diversas memórias, há uma que nunca se esquece:
A da primeira pessoa que nos fez amar...


Procura-me!
Hás-de cá chegar
Alcança-me!
"Tenho um mundo para te dar
Basta que apareças..."      LS' 2006.

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