terça-feira, 30 de março de 2010

Horizontes perdidos

Vivo no sonho
De alcançar o inatingível
Quero livrar-me do peso medonho
Que carrega o impossível!
A fasquia está elevada
Pessoas sussurram-me como proceder
Caio redondamente derrotada
E imploro que não me façam mais sofrer
Queria libertar-me!
Fugir desta estúpida corrente
Queria deixar de conformar-me
Com a surrealidade do presente
Porque não sou compatriota de receios
Vivo só, com o meu desalento
Meras ilusões, sonhos e devaneios
Para o meu coração são alimento
E estão findadas as esperanças
Lágrimas enchem de sal a maresia
Gaivotas, voam para longe, desesperadas
E suas asas carregam a minha alegria
E eu, bem devagar, percorro o areal
Olho o mar, ainda há tempo para o ver
Pegadas marcadas no chão imortalizam o sinal
Do estado rastejante do meu viver
(E eu simplesmente esqueço-me de te esquecer...)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Entardecer

Olhos cerrados
Parecem não querer ver
Corações magoados
Anseiam deixar de sofrer
O sofrimento é constante
Lágrimas grossamente salgadas também
É um rodopio milaborante
Um constante e desiquilibrado vaivém
(E o coração que se aguente!)
Não há como parar o amor
Respiramo-lo por cada poro
Não há como evitar a dor
E é por isso que eu choro
Choro alegrias
Choro tristezas
Choros poesias
Choro falsas certezas
E destreza quem a terá?
Eu não serei certamente
Meu pensamento vagueia-se por aqui e acolá
Foge à sufocante realidade do presente
O presente, esse desgasta o mundo
Deita os meus sonhos por terra
Empurra-me e faz-me bater bem lá no fundo
E comigo própria começar uma guerra
Desfocadas imagens se me apresentam
Sou apenas e só uma face da insegurança
Agonias e maus estares me sustentam
Mentira, dor e revolta matam a ínfima esperança
(E eu que me aguente!)
Entardeceu em mim
Escureci com a noite vazia
À minha volta escuto um chinfrim
Há quem partilhe desta agonia
(E eles que se aguentem!)
As minhas forças estão perdidas
Dissolvidas sem lutarem, renascidas jamais
Memórias longe de ser esquecidas
Cravam-se no meu coração como punhais
(E eu não aguento...)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Munições

Sorridente, ora aqui vou eu
Confiante, sigo mais uma caminhada
A fraqueza? Essa por aí se perdeu
E percorro o trilho de cabeça levantada
Manchas, ilusões, tinturas
Denotam realidades passadas
Prosas em verso, mágoas, loucuras
Não passam de marcas soterradas
E o trilho eleva-se sem piedade
Mais um obstáculo impede que supere
Chuto bem forte para longe a saudade
E digo à tristeza que espere
- "Até nunca!"
Ultrapassado o obstáculo deparo-me com um morro
Mas não páro e tenho fé
É so mais um risco que corro
E a alegria veio bater forte na minha maré
Ganho forças desmedidas
Subo ao mais alto ponto
As memórias não passam de folhas fedidas
Que não me lembro de sequer existir, que nem encontro
Ah e que bem que sabe
Assobiar com o vento
Estar em liberdade
Correr sem direcção tendo a alegria no pensamento
Caracterizada por conjugações do verbo cantar e do dançar
Aqui vou eu e tenho um mundo a percorrer
Sei que voltarei a cair, a lutar e a falhar
Mas nada me impedirá de vencer!