terça-feira, 3 de agosto de 2010

Prolepse

Um suave beijo numa face rosada
Repleto de aconchego e de ternura
Um suave apertar de mãos pela noitada
Acompanhado de olhares esbanjadores de doçura
Já raiam os primeiros bocejos da madrugada
Já partiu a ave migratória pelo céu azul que pinta a moldura

Belo cenário, afrodisíaco e quente
Um sentimento espalhado pela areia
Dois jovens apaixonados, uma brisa benevolente
Um trago de paixão que os rodeia
Um amor que acaba de plantar sua semente!

Despertos, felizes, de cônjuge mão
Sentem o mar que lhes acerca os pés
Lábios fervorosos, corpos que flutuam sem largar o chão
Numa magia que desgarra todas as marés!

Voam as últimas poeiras
Daquela que foi a noite das suas vidas
Erguem-se lá no mastro rodopiantes bandeiras
Que o vento consome por essas avenidas

O jovem casal mergulha em ondas de felicidade
Soltam gritos discretos porém audíveis
Brincam, fazem patetices características da sua idade
Velhos pescadores observam, de feições desprezíveis
Comentando entre si em tons de maldade
Que amores daqueles são compreensíveis
Porém passam rápido e só deixam saudade

E ao longe ouve-se a alegria personificada
Inocente da profecia de tais palavras sectantes
Partilham-se promessas, juras que serão quebradas
Num palreio de segmentos frustrantes

Não! Não façam planos a longo prazo!
Não queiram já viver tudo!
Aproveitem o presente e dêem azo
A um sentimento forte e chorudo!
Porque a escada não se sobe de três em três
E os sentimentos não têm prazo de validade
Não aproveitem tudo de uma vez!
Não mostrem aos pescadores que eles eram donos da verdade!

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