segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Auto-ajuda I

Em forma de molécula de hidrogénio e oxigénio multiplicada por partes de milhões, vitalizada em gotejo... Carrega um som de embalar que acalma o espírito e traz paz interior. Sublime metáfora de sentimentos conjugados e jogos de devaneios. É a chuva!
Varre de enxurrada maus agouros, extingue sentimentos passados, põe a descoberto diversificados tesouros, aquece a mente de todos os que a aguardavam e que vivem de meras comunhões inóspitas e extrínsecas. Chegou para trazer calmaria, pousio e dar alimento às pequenas plantas que desabrocham e se vitalizam aos nossos olhos. Tal como qualquer um de nós na nossa condição de ser humano. Em nós habita intermitentemente uma necessidade de procurar pela novidade, de sair da rotina... De descobrir o mundo e as suas maravilhas! Na realidade, necessitamos de nos descobrir a nós próprios e muitos vivem sem sequer pensar nisso, sem saber conviver consigo mesmo, acabando nas ruas da amargura. É certo que viajar nos traz sossego, afasta-nos da fonte dos nossos problemas por vezes, mas até que ponto os resolve? De forma alguma pois eles vão continuar lá, enfadonhos e ainda mais gordos, aguardando a nossa chegada. Devemos aprender a cortá-los pela raiz e não deixar que desenvolvam troncos e excessivas ramificações penetrantes entre as casas, destruidoras de tudo o que se apresenta à sua vista. "Casas"...  Casas que habitam em nós e nos dão impulsos negativos de frustração ou impulsos positivos não obstantes de serem mal traduzidos em realidades das quais nos tentamos afastar.
É um mundo cruel este em que vivemos... Podemos disfarçar-nos do conformismo, da hipocrisia e da falta de respeito mas em nada evita o sofrimento que advirá. Podemos fechar os olhos e cerrar a mente a ideias inovadoras, expressadas de forma aberta que irão trair de forma rasgada as nossas crenças e às quais nos vamos opor relutantemente... Mas até que ponto são as nossas crenças verdadeiras? Até que ponto não nos foram introduzidas por seres superiores a nós que pretendem emancipar a sua hierarquia? Devemos parar... Parar para pensar no que fazemos, no que somos, no que acreditamos. Devemos deixar-nos evoluir com cada tique-taque do relógio, gerar a nossa própria emancipação e tapar os caminhos a quem nos queira derrotar, destruindo os meios que o adversário tem para chegar a nós. Meios que passam pelos nossos defeitos às nossas qualidades. Características que devemos edificar para construir o nosso abrigo e nos defendermos do mundo lá fora,onde a maldade é rainha e a injustiça, princesa candidata ao título de nobre. Não deixemos que elas cheguem a nós, mandemo-las para outros reinos que não o nosso. Não viremos costas ao reino que com tanto esforço e dedicação temos vindo a construir desde tenra idade, desde que olhamos a primeira vez e vocalizamos a nossa chegada a este mundo. O teu mundo é o teu reinado, se não lutares por ele com o teu exército de pensamentos, ideais e acções não consegues batalhar noutros mundos, nem partir em viagens de descoberta que tanto admiras. Não vais saber chegar a outros mundos e explorá-los e vais acabar encurralado na torre do teu próprio reino, escravo de ti próprio. Liberta-te, vive! Não te percas, só tens uma oportunidade!
E esta chuva que cai insistentemente lá fora, abre-me as asas, vocaliza-me, expressa-me, vocifera o desagrado que vive em mim. Podiam chover oceanos, gotejar rios e cair novos desalentos em toneladas que eu não me importava. É água, é pureza, é tudo o que necessito.


Deixo neste post esta criação denominada "La Valse d'Amelie" de Yann Tiersen para o filme "Le Fabuleux Destin de Amelie Poulain", que desde já recomendo. É uma melodia que se assemelha a este tempo chuvoso pois é adequada para reflectir e deixar o pensamento voar, tal como os dedos se balanceiam sobre o piano e deixam os sentimentos fluir em cadeia.



PS- Escrevi este texto porque muita gente tem vindo ao meu encontro em procura de ajuda. Espero que seja útil e que compreendam a sua essência que é inspirada em mim e no meu próprio "reino".

5 comentários:

  1. Grande texto(em qualidade), muito obrigado ;)

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  2. Bem cada vez me surpreendes mais...
    Gostei muito do texto x)
    Bjinho*Joaninha

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  3. Também eu, hoje quando acordei e vi a chuvinha até fiquei mais bem-disposta ( pareço uma maluca).xD

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