sábado, 26 de junho de 2010

Irmãos da Rua

Eles fecham as mentes
Dão a mão à palmatória
E eles abafam os crentes
Obcecados pela glória

Bem vestidos, com rigor
Dão a vida por um nada
Engolem e salivam toda a dor
Que transparece pela carne marcada

Foge-lhes a dignidade
O perdão torna-se inconcebível
Foge-lhes a liberdade
Tudo se lhes parece temível

São estes os irmãos da rua
Drogados, sós, em desalento
Conhecem a verdade nua e crua
Procuram desalmadamente o seu sustento

Matam sem peso na consciência
Atacam pela noite como vampiros
Justificam actos como sendo a sua ciência
Vivem de corridas, gritos e suspiros

Carregam fardos ilegais
Trabalham desde tenra idade
Têm destinos cruelmente fatais
Ninguém lhes inspira credibilidade

Revoltados aí vão
Assaltos, crimes, força desmedida
Negros de espírito, companheiros da solidão
De arma em punho pela rua sem saída

Traços faciais
Marcam guerras, tiros e morte
Vidas e vidas infernais
Cada um jogado à sua sorte

Defrontam-se até ao fim
Lutam como animais ferozes pela rua
Matam-se apenas porque sim
Tendo como testemunha a luz da lua

São estes os irmãos da rua
Drogados, sós, em desalento
Conhecem a verdade nua e crua
Procuram desalmadamente o seu sustento.


Esta sociedade repugna-me, revolta-me !

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