terça-feira, 29 de junho de 2010

Alucinação

Virei as costas
Tentei não mentir
Tentei não ver
Tentei não sentir
Tentei não perceber

A dor foi intensa
Mas consegui fugir
Sem uma memória sequer surgir
Sem um grunhido por repartir
Sem um olho aguado a reluzir

Respirei sem saber como
Caminhava só com a tristeza
Caminhava só com o pensamento
Caminhava só com a destreza
Abafava a todo o custo o sofrimento

Perdi-me nessa noite
Passadas largas pela escuridão
E passadas largas pela ruela
Assombrada pela união
Da tua mão com a dela

Tentei fechar os olhos
Pensei que sonhava
Pensei que voltava
Pensei que me soltava
Pensei que voava
E voava...
Na loucura do meu vício
Tinha sucumbido à tentação
Proibida pelo meu ofício
E estava só até mais não
E sonhava...
Alucinada pelos químicos
À minha volta uma tuba ressoava
E no apogeu da loucura eu gritava
E fitava...
O nada
Estava cercada...
De nada
Acreditava...
Em nada
Sentia...
O suave toque de uma facada
E sem mais uma palavra
Caí!
Porém, inanimada...

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