quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Letras soltas

Virei as páginas de um livro vazio
Impingi-lhe o acto de sobreviver
Eternizei nele este constante rodopio
Que é a imensidão do meu rodopiante ser
O livro entregou-se às palavras
Por elas deixou-se percorrer
As letras alinharam-se como escravas
Com a caneta, comungaram a arte do meu escrever
Então escrevinhei
Subi ao expoente da loucura
Todas as mágoas desabafei
E mostrei que grandes males nem sempre o amor cura
E a razão procura-me, insistentemente
Tenta trazer-me à realidade
Eu vou evitando-a constantemente
Procurando abraçar-me à saudade
Dá-se uma reviravolta
Algo básico que me permitiu alegrar
Jogo pelo ar a tristeza solta
E imploro-lhe para não mais voltar
Teimosa, ela desobedece
Impõe-se e torna a reinar
E logo a pequena alegria conquistada desvanece
Dando origem a um errante livro... por escrevinhar...

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