quinta-feira, 11 de março de 2010

Entardecer

Olhos cerrados
Parecem não querer ver
Corações magoados
Anseiam deixar de sofrer
O sofrimento é constante
Lágrimas grossamente salgadas também
É um rodopio milaborante
Um constante e desiquilibrado vaivém
(E o coração que se aguente!)
Não há como parar o amor
Respiramo-lo por cada poro
Não há como evitar a dor
E é por isso que eu choro
Choro alegrias
Choro tristezas
Choros poesias
Choro falsas certezas
E destreza quem a terá?
Eu não serei certamente
Meu pensamento vagueia-se por aqui e acolá
Foge à sufocante realidade do presente
O presente, esse desgasta o mundo
Deita os meus sonhos por terra
Empurra-me e faz-me bater bem lá no fundo
E comigo própria começar uma guerra
Desfocadas imagens se me apresentam
Sou apenas e só uma face da insegurança
Agonias e maus estares me sustentam
Mentira, dor e revolta matam a ínfima esperança
(E eu que me aguente!)
Entardeceu em mim
Escureci com a noite vazia
À minha volta escuto um chinfrim
Há quem partilhe desta agonia
(E eles que se aguentem!)
As minhas forças estão perdidas
Dissolvidas sem lutarem, renascidas jamais
Memórias longe de ser esquecidas
Cravam-se no meu coração como punhais
(E eu não aguento...)

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