domingo, 16 de janeiro de 2011

Levo-me, levas-me, matas-me

Levam-te as pupilas gustativas mumificadas em insaciedade
A encornar todas, sem dó
Nem um mísero de piedade.
Levam-te as garras afiadas
Que cravas a fundo, a prender-nos
Possuindo-nos,
Largando-nos num solitário fim de mundo.
Catastrófico a cada milésimo de segundo!
Levam-te instintos animais e burlescos
A obedecer ao estímulo de cada par de pernas
Vives de suspiros, gemidos e prazerosas carnes
Consumidas em movimentos animalescos;
Em mim sensações de morte efémeras!
Ah esses lábios vistosos
Comungantes de mim, dela e da outra (...)

Levam-te os companheiros à caça
De outras presas estupidamente indefesas
Que comes, abusas, despes e despedes
Num palreio de palavras belas,
Cuspidas em tom de nobreza.
Levo-me por ti
E para mim nada de prazeroso
Nem de sorridente folhear de páginas...
Tu nem de mim te levas...
Deixas-me sempre sem rumo
Com pontos de interrogação
E exclamação pelas recentes engrenagens...
Deixas-me sempre mas sempre
No canto inferior
Direito ou esquerdo
Ou tão somente só, a vaguear
    dividida, em cada ponta das margens...

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