quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A Dança dos Pássaros




És tu quem conhece as ditaduras de uma vida em queda anabática.
És tu quem espelha no céu os gestos dela e a vês em cada nuvem fugidia.
És tu quem vê os campos de flores e lembras o seu sorriso... E as violetas do vestido.
És tu quem vive de um despotismo absorto de sentires e se embebeda de existências.
És tu o mártir da tua própria cruzada e dos pesadelos desenhados pelos outros.
És tu quem grita pelo vento e vocifera o pôr-do-sol numa sinestesia intrincada.
És tu quem chora com os poemas de Drummond de Andrade na solidão da madrugada.
És tu quem tem inveja dos pássaros e do Peter Pan; porque o teu voo é feito de espirais formadas por asas cronológicas sem abraços nem braços, sem compassos nem passos, sem esferas nem esperas.
És tu quem vive de prisões, de risos estridentes, de ardentes quimeras; que gritas, voas, existes e desistes. E desesperas.
Voltem, voltem, voltem quimeras.

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