terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ser pensante cansa
Como as folhas que se arrastam
Num rodopio contraditório
Em ventos de feição de outrem.
Cansa-nos os dias.
Cansa-nos os sonhos.
Cansa-nos as letras.
Os papéis.
As fachadas.
Os teatros tão solenemente ensaiados.
Personagem principal? Eu.
Eu: de jeitos enjeitados
De episódios enfeitados
Por uma réplica de vida,
Nunca a minha.

Ser pensante cansa.
Cansa a alma.
Cansa o sangue.
Cansa a vida.
Os discursos, esses, proliferam
Ora éticos
Ora discordantes
Ora cortantes
Para a assembleia que os inala.
Fumo de frases.
Cinzas do que foi.
Os sentimentos, esses, vão em debandada
Crescentes
Decrescentes
Outrora nulos
Como as palavras que te profiro.
Ser cansante pensa,
Ser pensante cansa.

Deixem-me.

6 comentários:

  1. "Ser cansante pensa,
    Ser pensante cansa."

    Adorei estes dois versos e a partir da minha própria interpretação do que redigiste, identifico-me com eles. Os meus parabéns por apresentares, de forma consistente, coisas que dão gosto ler.

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