sábado, 8 de dezembro de 2012

Descoordenação dos sonhos

Olho-te: és calma como a brisa
e tempestuosa como o mar.
Carregas o doce ameno cantar das aves
Nas abas largas do teu sorriso.

Olhas-me: devolvo-te
O olhar rosado de final de dia
As cores alinhadas no horizonte
Os sons marítimos ondulantes
A areia tão leve, tão suave, tão nostálgica
Como as rochas carregadas de moluscos
Que se perderam nos fundos do mar.
Fundo, fundo, fundo.

Olhamo-nos na certeza de um sorriso
Na igualdade de condições.
Somos privadas de destinos
Segurando cartazes de revolta
E gritos descoordenados pela rua.
Gritos como sonhos tão sós
E inatingíveis.

Surdos, loucos em abafo,
Nós.
Eles.
Os outros.

E tudo se perdeu na essência do perder
Para se encontrar no centro das coisas descobertas.

Sorrimos no final de tarde leve
Tão contrário aos nossos corações.

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